Após 27 dias, China retoma importações de carne bovina
É oficial, o Ministro da Administração Geral da Aduana Chinesa (GACC), Yu Jianhua, anunciou, durante encontro com Carlos Fávaro, ministro da Agricultura e Pecuária (Mapa), hoje, 23 de março, a retomada das importações brasileiras de carne bovina brasileira, suspensas há quase um mês por conta do registro de um caso atípico de Vaca Louca no estado do Pará.
Segundo Alcides Moura Torres Júnior, conhecido por Scot, proprietário da Scot Consultoria, os embarques devem retornar aos mesmos níveis vigentes anteriormente. “A gente deve compensar esse período de paralisação. Durante a primeira quinzena de março, após a proibição, o desempenho das exportações não retraiu tanto. Começou a cair na segunda quinzena de março. Na prática, foram dez dias de exportação prejudicados; então é fácil repor o que foi perdido”, analisa o consultor.
Desde a descoberta do caso atípico da doença da Vaca Louca, o Mapa vinha tomando providências conforme o protocolo estabelecido entre os dois países, apesar de ser um consenso no mercado que este procedimento precisa ser revisto. “Tenho certeza que isso é um passo para que o Brasil avance cada vez mais com o credenciamento de plantas e abra mais oportunidades para a pecuária brasileira”, disse Fávaro, ao final do encontro.
Prejuízo estimado em 800 toneladas por dia
Scot informa que até a terceira semana de março foram embarcados quase 90 mil toneladas, representando uma queda de 10% em relação a março de 2022. O faturamento neste mesmo período foi de US$ 437 milhões, um recuo de 26%. Em fevereiro, o Brasil exportou 126 mil toneladas (US$ 614 milhões). “Deixamos de exportar 800 toneladas por dia em março de 2023, o equivalente a um faturamento de US$ 3 milhões por dia, com base nos valores atuais”, calcula o especialista.
Preço da carne cai para o consumidor
O preço da carne bovina retrocedeu 1,22% em fevereiro. Esta é a maior queda dos últimos 15 meses, segundo dados divulgados pelo IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia Estatística), responsável pelo levantamento do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).
Em fevereiro, a picanha registrou queda de 2,63%, seguida da alcatra e do fígado (-2,50%), capa de filé (-2,37%) e costela (-2,28%). Outra carne de primeira que barateou foi o filé mignon, que caiu 1,77%.
Os especialistas apontam que motivos óbvios para o recuo dos preços foi o volume de carne que seria exportado para a China, mas permaneceu no mercado interno, bem como uma queda no preço dos insumos utilizados na alimentação animal e o período de quaresma, em que os católicos deixam de comer carne bovina às sextas-feiras por 40 dias.
André Vaz, economista da FGV, destaca que esta variação negativa ainda não é suficiente para estimular o consumo per capita, que desabou de 40 kg/habitante/ano para 25 kg/habitante/ano na última década e meia. “O preço continua distante do que se pagava há quatro anos. Com esse cenário, uma redução em torno de 1% ainda é pequena para a população com renda mais baixa, que não deve aumentar o consumo a partir dessa variação”, analisa.
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