‘Temos que mirar no Russomanno, ele é um pastel de vento’, diz Orlando Silva 

Deputado federal de oposição ao governo do presidente Jair Bolsonaro, o candidato do PCdoB à Prefeitura de São Paulo, Orlando Silva, repete a mesma estratégia para no âmbito municipal. Apesar do modesto desempenho nas pesquisas – de acordo com o levantamento feito pelo Datafolha, divulgado nesta quinta-feira, 22, o parlamentar possui 1% das intenções de voto –, Silva mira sua artilharia contra seu companheiro de Câmara dos Deputados e rival na corrida eleitoral paulistana, Celso Russomanno (Republicanos), que aparece na segunda colocação, com 20%. “Temos que mirar no Russomanno, porque ele é um pastel de vento. É vazio, não tem ideias. Quando você está em uma disputa como essa, para a Prefeitura, você tem que responder sobre tudo aquilo que interessa ao cidadão e à cidade. A derrota de Celso Russomanno é vitória da democracia, porque ela representa a derrota da campanha de Bolsonaro. Russomanno não queria ser candidato, ele não conhece a cidade e será desmascarado”, disse Orlando Silva em entrevista à Jovem Pan.

A declaração faz alusão ao apoio de Bolsonaro à candidatura de Celso Russomanno. Em suas propagandas eleitorais e no único debate de televisão realizado até aqui, pela TV Bandeirantes, o candidato do Republicanos faz questão de ressaltar que é “amigo” do presidente da República e, exatamente por conta desa proximidade com o governo federal, é o único candidato que será capaz de governar mantendo uma interlocução com o Palácio do Planalto. Uma das principais propostas de Russomanno, inclusive, é a criação do “auxílio paulistano”, um programa de assistência social nos mesmo moldes do auxílio emergencial, pago pelo governo federal. “Celso diz que o dinheiro para o pagamento do auxílio paulistano é dinheiro do Bolsonaro. Além de tudo, é mentira, porque o Orçamento da União é público. Russomanno está assinando um cheque sem fundo, vende ilusão ao povo paulistano. Ele diz tanto que vai criar um auxílio para São Paulo, mas se esquece que seu padrinho político foi contra o auxílio emergencial”, afirma Orlando Silva, que foi ministro do Esporte entre 2006 e 2011 nos governos petistas.

Em sua propaganda eleitoral e nas redes sociais, Orlando Silva afirma que, se eleito, dará prioridade ao que chama de “drama do desemprego” na cidade de São Paulo. “A ideia de priorizar emprego e renda vem da constatação de que a situação será ainda mais grave a partir de janeiro de 2021. A pandemia deixou um rastro de destruição, mais de 155 mil brasileiros perderam a vida, mas a repercussão econômica da Covid-19 ainda está por vir. Em 2021 não teremos auxílio emergencial e isso vai exigir do prefeito de São Paulo um mutirão para geração de emprego e amparo à população”, avalia. Para isso, o deputado federal propõe uma linha de atuação baseada em quatro pilares: retomada de obras públicas, apoio a cooperativas nas periferias, criação de um fundo municipal de concessão de crédito para micro e pequenas empresas e construção de frentes de trabalho nas áreas de zeladoria, cultura e lazer para a população jovem.

Casado com uma professora que ministra aulas na rede municipal, o candidato do PCdoB é contra o retorno presencial às escolas antes da disponibilização da vacina contra o coronavírus. O deputado federal revela que é cobrado por seus eleitores e apoiadores para que incentive campanhas de vacinação, mas evita entrar no mérito da discussão sobre a vacinação obrigatória. “O governo possui respaldo legal para tornar a vacinação obrigatória, mas eu prefiro ir por outro caminho: o caminho do diálogo, do incentivo. Eu vou apostar no convencimento e nas campanhas de conscientização, para poder deixar claro à população como a vacina é importante. Enquanto não houver vacinação, sou contra a volta presencial das aulas. O ano letivo se recupera, mesmo que demore mais de um ano. Vidas são irrecuperáveis”, diz.

O deputado federal também propõe um “pacto para erradicar a Cracolândia” e criticou as ações feitas por João Doria e Bruno Covas na Prefeitura de São Paulo. “Em 2017, enquanto ainda era prefeito da cidade, Doria disse que a Cracolândia havia acabado. Não adianta criar factoide e achar que vai resolver o problema de uma hora para a outra. São Paulo precisa de um pacto para erradicar a Cracolândia, temos que pensar em políticas de médio prazo, como a criação de um plano amplo de assistência psicológica, que permita a reinserção socioeconômica daquelas pessoas quando estiverem em condições para isso, livres da dependência. A Prefeitura também precisa investir na reunião familiar, reinserir o dependente no seu ciclo familiar. E, fundamentalmente, firmar uma parceria entre município e estado, com uso da inteligência policial, a fim de desbaratar essas quadrilhas que se aproveitam dos dependentes para fortalecer o tráfico de drogas”. Silva, porém, é contra a internação compulsória. “Esse tipo de política rende estatística, mas é muito pouco eficaz. Eu tive um pai dependente químico e falo com propriedade: sempre que ele saía de uma internação compulsória, se tornava mais violento”, acrescenta.

Orlando Silva também defende transporte público gratuito para desempregados, ampliação do programa de passe livre entre os estudantes e retomada de maior prazo para uso do Bilhete Único. Em 2019, o prefeito Bruno Covas promoveu uma série de mudanças nas regras para o uso do vale-transporte na cidade, entre elas a que estabeleceu limite de três horas para fazer até dois embarques nos ônibus municipais da SPTrans – antes, o usuário podia embarcar em até quatro ônibus no período de duas horas. O candidato também propõe o passe livre aos finais de semana e feriados. “A Prefeitura tem que permitir que as pessoas conheçam a cidade. O morador do Grajaú precisa poder conhecer a Avenida Paulista, tem que andar, conhecer a cidade”, resume. Por fim, promete uma parceria da Prefeitura com o governo do estado para investir e fortalecer o transporte por trens e metrô”.