Indústria Brasileira Receberá 75 Mil Toneladas de Arroz Tailandês em Julho
A decisão de comprar cereal foi motivada pela tragédia no Rio Grande do Sul, o maior produtor do país. A medida é independente do leilão que o governo federal realizaria para a aquisição do grão, que acabou sendo suspenso após o Mercosul aumentar os preços, conforme informado pelo ministro.
As 75 mil toneladas de arroz compradas da Tailândia estão a caminho do Brasil e devem chegar na primeira quinzena de julho, informou Andressa Silva, diretora-executiva da Associação Brasileira da Indústria do Arroz (Abiarroz), ao g1 nesta quarta-feira (22).
O arroz adquirido é do tipo Beneficiado Polido Longo Fino Tipo 01, o mesmo produzido no Brasil, segundo Andressa.
A decisão de importar o alimento foi tomada após enchentes no Rio Grande do Sul causarem perdas significativas na colheita do cereal e dificuldades no transporte dos grãos já armazenados. O estado é responsável por 70% da produção nacional de arroz.
Essa decisão é independente daquela tomada pelo governo federal de também comprar arroz de outros países para controlar a especulação de preços para os consumidores devido às perdas no RS.
A Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) faria um leilão na última terça-feira (22) para a compra do grão de países do Mercosul, mas o evento foi suspenso.
Segundo o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, em entrevista ao g1 na segunda-feira (20), os países do Mercosul aumentaram os preços do arroz em até 30% após a intenção de compra ser divulgada.
Como resposta, o governo federal decidiu zerar o imposto de importação do arroz para países fora do Mercosul, medida publicada na terça-feira e válida até o final de 2024.
A compra do arroz tailandês ocorreu antes, na segunda semana de maio, mas se beneficiará dessa medida, pois o imposto é pago na chegada ao país de destino.
“A indústria continua recebendo ofertas da Tailândia, mas ainda não confirmou nenhuma outra compra adicional. Não descartamos a possibilidade”, afirmou Andressa.
Por que a indústria optou pela Tailândia?
Embora os parceiros do Brasil no Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina) sejam os principais fornecedores de arroz do país e não paguem imposto para exportar para cá, era mais barato comprar o cereal da Tailândia, mesmo com a taxa, disse Andressa no início do mês.
Na época, as sacas foram negociadas por cerca de R$ 115 com a Tailândia, incluindo o imposto. Já o preço oferecido pelos produtores do Mercosul era um pouco mais alto, em torno de R$ 125, segundo a associação.
Arroz ficou mais caro?
Ao blog da Ana Flor, Fávaro disse que dados de associações de supermercado mostram que pelo menos oito das principais marcas de arroz do país já estão vendendo o cereal com reajustes entre 5% e 14%, mesmo sem terem estoques afetados pelas enchentes no RS.
Além disso, as tabelas indicam que, de nove empresas que vendem arroz ao varejo, cinco suspenderam as negociações.
No campo, o preço do cereal também está subindo. Na terça-feira (21), a saca de arroz fechou a R$ 121, representando uma alta de 15% em relação ao dia 2 de maio, segundo dados do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea Esalq/USP).
Segundo Andressa, com o imposto zerado, o preço do arroz deve começar a diminuir em julho.
“Com a retirada da TEC, os preços deverão convergir para a paridade de importação. Os preços no mercado externo se tornarão um teto para os preços no mercado interno”, avaliou.
Os produtores nacionais vêm se opondo às medidas de importação do grão. Na semana passada, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz) solicitou ao governo que cancelasse o leilão da Conab.
Fávaro afirmou que a medida não visa prejudicar os produtores, mas sim garantir a estabilidade de preços no país. “Estamos enfrentando um problema de logística. O arroz não consegue sair de lá, não consegue emitir nota fiscal”, disse o ministro.
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