Mercosul Eleva Preço do Arroz em 30% Após Anúncio de Leilão Brasileiro, Afirma Ministro

Em entrevista ao g1, Carlos Fávaro, ministro da Agricultura, anunciou que, devido ao aumento dos preços, o governo decidiu zerar o imposto de importação de arroz de fora do bloco sul-americano.

“Nós demos uma demonstração ao Mercosul de que, se quiserem especular, nós buscamos de outro lugar”, afirmou Fávaro na segunda-feira (20), após a decisão do governo federal de zerar o imposto de importação do arroz de países fora do Mercosul.

Inicialmente, o ministério planejava comprar grandes quantidades de arroz dos países vizinhos do bloco para aumentar a oferta no mercado interno e evitar altas de preços após a tragédia no Rio Grande do Sul, responsável por 70% da produção nacional de arroz.

No entanto, o leilão de compra, marcado para terça-feira (21), foi suspenso porque, segundo Fávaro, o Mercosul elevou os preços em até 30%.

“Nós íamos comprar 100 mil toneladas, mas, com os preços que eles estavam anunciando, compraríamos apenas 70 mil”, explicou Fávaro. “Certamente, eles voltarão à realidade porque não é justo.”

Após tomar conhecimento da especulação de preços, Fávaro realizou uma reunião de emergência na quinta-feira (16) com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o ministro da Casa Civil, Rui Costa.

“A decisão foi do presidente”, disse Fávaro, referindo-se à suspensão do leilão e à isenção do imposto de importação do arroz.

O leilão seria conduzido pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab) e, até a última atualização da reportagem, uma nova data não havia sido divulgada.

O g1 tentou obter comentários dos representantes do Mercosul, mas não obteve resposta.

Os parceiros do Brasil no Mercosul (Paraguai, Uruguai e Argentina) são os principais fornecedores externos de arroz para o mercado brasileiro e não pagam imposto para vender ao Brasil. Com a isenção das taxas para o restante do mundo, outros países agora podem competir em condições mais iguais com o Mercosul.

Existem outras opções no mercado. Recentemente, a indústria anunciou a intenção de importar 75 mil toneladas de arroz da Tailândia.

Com a decisão de segunda-feira, três tipos de arroz tiveram as taxas de importação zeradas até 31 de dezembro de 2024.

A situação no Rio Grande do Sul

Os produtores nacionais vêm se opondo às medidas de importação. Na semana passada, a Federação das Associações de Arrozeiros do Rio Grande do Sul (Fedearroz) solicitou ao governo que cancelasse o leilão da Conab.

Fávaro enfatizou que a medida visa garantir a estabilidade dos preços no país e não prejudicar os produtores.

“Estamos enfrentando um problema logístico. [O arroz] não consegue sair de lá, não consegue emitir nota fiscal”, disse o ministro. Mesmo com rotas alternativas, o custo logístico é um problema. “Vai contratar um frete agora? Buscar o arroz no Rio Grande do Sul sabendo das dificuldades? Filas, frete 20%, 30% mais caro?”, questionou.

“Precisamos tomar medidas de apoio para abastecer o mercado e garantir estabilidade. Não é em detrimento dos produtores”, reiterou o ministro.

Após reuniões com a Federação da Agricultura do Estado do Rio Grande do Sul (Farsul), o governo suspendeu por mais de 100 dias o vencimento de parcelas de operações de crédito rural.

Além disso, Fávaro informou que, a partir dos dias 28 e 29 de maio, o Ministério da Agricultura começará a visitar as regiões mais atingidas para entender melhor as demandas dos produtores. A primeira visita será em Santa Cruz do Sul.

“Vou transferir o Ministério da Agricultura itinerantemente para o Rio Grande do Sul, nas regiões afetadas, para ver in loco o que é necessário em cada região e começarmos a construir as condições para a reconstrução”, afirmou Fávaro.

Ele destacou que máquinas e equipamentos serão entregues às prefeituras das áreas mais afetadas, em uma ação conjunta com bancadas parlamentares.

By Silverio Martins

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